Mídia-Educação no contexto escolar:mapeamento crítico dos trabalhos realizados nas escola de Ensino Fundamental em Florianópolis.
Silvio da Costa Pereira.
Hoje,escola, família,grupos sociais e meios de comunicação são compreendidos como importantes espaços educativos e socializadores. As tecnologias de informação e comunicação mudaram nossas vidas, e por isso cada vez mais pessoas têm passado a se preocuparem mudar as vidas das mídias.
Também é importante enxergar a explosão do uso de mídias para a comunicação interpessoal. Os múltiplos usos dos celulares e computadores demonstram a incorporação das novas mídias ao cardápio comunicacional dos brasileiros, em especial dos mais jovens.
As bases teóricas
Uma série de pesquisas vêm mostrando que os brasileiros- mas não somente -investem mais tempo vendo TV e navegando na web do que lendo. A relativização deste julgamento,entretanto, já vem ocorrendo à medida que a academia está estudando a oralidade,os “textos” visuais e as formas de comunicação das diversas mídias.
Oesterreicher( 1997 ) lembra que devemos tomar cuidado para não dicotomizar textos orais e escritos como se fossem opostos. Para ele todos os textos podem ser situados em uma escala contínua que possui dois pólos extremos, um caracterizado pela mediação e outro pela distância comunicativa.
Silverstone ( 2003 ) já alertava que ler os produtos da mídia implica tanto numa leitura dos textos escritos quanto dos textos sonoros ou visuais transmitidos pela mídia, bem como dos subtextos ideológicos e comerciais que também constituem cada produto midiático.Hoje, a “alfabetização/letramento nas mídias é tão importante para os jovens como as formas tradicionais de alfabetização/letramento em relação aos textos impressos” ( BUCKINGHAM , 2003, P. 4 ).
Belloni ( 2005 ) constata que a introdução das tecnologias de informação e comunicação ao longo do século 20 trouxe para o cotidiano das pessoas uma série de mudanças nos modos de acesso ao conhecimento, nas formas de relacionamento interpessoal, nas instituições e processos sociais, entre outras. Citando Porcher e Friedmann, a autora destaca que o mundo contemporâneo é caracterizado por uma tecnificação crescente, não só do mundo do trabalho, “ mas das outras esferas da vida social, o lazer, a cultura,as relações pessoais” ( BELLONI, 2005,p. 17).
Por isso,não há mídia que não possa ser usada na escola. A integração entre as tecnologias de informação e comunicação (TICs) e a educação deve se dar em duas dimensões indissociáveis ( BELLONI, 2005,p.9): como ferramenta pedagógica e como objeto de estudo.
A proposta criada pelo British Film Institute ( BFI) para uma abordagem curricular das mídias nas escolas primárias inglesas, foi difundida por Bazalgette ( 1992), e está baseada em seis conceitos:
• Agência: pensar a respeito de quem age na construção dos textos midiáticos,pois geralmente não está claro quais forças agem sobre eles para que se constituam de forma como são.
• Categorias: a representação através de categorias ( notícias, esportes,novelas, documentários ou programas humorísticos, entre outras) fornece as compreensões iniciais a partir das quais as audiências se tornam aptas a reconhecer as características tais como formas e as convenções de uma mídia em particular ( BAZALGETTE, 1992,p. 208)
• Tecnologia: o fator tecnológico é importante porque altera não somente o texto em si ( forma e conteúdo) como também a audiência a quem os textos podem chegar.
• Linguagens: é através delas que os significados dos “textos” midiáticos são construídos. Essas linguagens irão fluir na leitura que os respectores fazem de cada texto, em cada mídia.
• Audiências: um dos pressupostos básicos da mídia-educação é que as audiências constroem sentidos a partir dos textos midiáticos, respondendo a fatores individuais e coletivos.
• Representação: implica problematizar a forma como o mundo é visto através dos textos midiáticos.O pressuposto básico é de que todos os textos – não só os produzidos pela mídia – são construídos, e portanto jamsi serão um espelho da realidade.